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A adolescência, a relação professor-aluno e o processo ensino-aprendizagem

Fonte da imagem: www.moodle.ufba.br

O conhecimento sobre a psicologia do desenvolvimento é fundamental para o exercício da profissão de qualquer educador. Nesse sentido, é imprescindível que o corpo docente de qualquer escola que trabalhe com o ensino médio saiba, conheça e compreenda a adolescência procurando desempenhar uma relação professor-aluno adequada e que objetive o sucesso do processo ensino-aprendizagem de forma saudável.



A adolescência tem que ser compreendida como um processo bio-psico-social e não somente como uma época de imaturidade em busca da maturidade. É uma atitude muito simplista rotular os adolescentes, especialmente os alunos de ensino médio, como indivíduos imaturos e que precisam ser tutelados a todo  momento e por essa razão submetê-los a regras muito rígidas.

Devemos compreender que o adolescente tem um papel social dentro do desenvolvimento das sociedades humanas no que diz respeito a renovação das formas de relações sociais e até mesmo da estrutura da sociedade. Portanto é natural e até mesmo desejável que os adolescentes questionem os padrões estabelecidos, pois isso é fundamental não só para o desenvolvimento de sua própria personalidade e de sua cidadania, como também para as gerações mais velhas refletirem e repensarem seus próprios  paradigmas.

Não há nada de errado em o adolescente questionar as regras estabelecidas, porém a forma de resolução desse conflito é que tem que ser refletida, sob a luz do conhecimento científico sobre a adolescência, pelo educador.

É preciso salientar que o adolescente não tem problemas específicos com a autoridade exercida pelas pessoas mais velhas e experientes. Pelo contrário os adolescentes necessitam de um referencial de autoridade. O problema está em como essa autoridade é exercida. A autoridade não pode ser imposta a qualquer custo. A autoridade é algo a ser conquistado e fundado no respeito, na confiança e na oportunidade.

Reações vivenciais não-normais, exageradas, neuróticas e desproporcionais são prejudiciais ao processo ensino-aprendizagem. É necessário lembrar que o ato de aprender é um fenômeno intrínseco e autônomo e não pode ser imposto. Mudanças de comportamento baseadas no medo e na imposição não tem nada a ver com o processo ensino-aprendizagem. Essas mudanças são potencialmente efêmeras uma vez que a coerção autoritária se dissipe.

O real processo ensino-aprendizagem advém de mudanças de comportamento autônomas do indivíduo e que se traduzem em habilidades permanentes de lidar com situações novas usando as competências absorvidas das relações sociais. Entre essas relações, no ambiente escolar, talvez a mais importante seja relação professor-aluno.

Não existe aprendizagem em relações onde não há confiança, principalmente em relação as pessoas que lhe servem de modelo, como é o caso do professor em relação aos seus alunos.O desafio inicial de qualquer professor em relação aos grupos de alunos com quem se relaciona é conquistar sua confiança através do afeto e da empatia. Essas são condições necessárias não só para obter sucesso no processo ensino-aprendizagem, mas também para poder estabelecer critérios e regras de convivência que os alunos assimilem como seus por ter significado e sentido pra si próprios.

Isto é, o papel do professor é esclarecer o sentido das regras e ser claro e firme na relação de causa e conseqüência  dos atos dos alunos em relação a elas, mas sem perder a serenidade e o equilíbrio. Trabalhando dessa forma, o professor, além de apresentar ao aluno o conhecimento historicamente acumulado pela humanidade, ainda o ajuda a esclarecer o que é a autêntica liberdade, ajuda-o a conhecer suas limitações e possibilidades e ao mesmo tempo fomenta a flexibilidade nas relações sociais tão necessárias para evitar a violência em todas as suas formas, tanto físicas quanto psicológicas.

José Francisco Sodré
Professor de Biologia
 

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