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As tarefas do diretor eram hercúleas. Para disfarçar a falta de professores proibia a saída dos alunos antes do último período de aula, assim a população não poderia notar e principalmente responsabilizar o governo pelos baixos salários e sobrecarga de trabalho que afastavam os professores da escola. A eficiência do servilismo era tanta que até falsas denúncias com número cabalístico de pais apareciam de repente como coelhos da cartola de um mágico.
Sempre que confrontado pelos professores o diretor usava o escudo da lei da qual tinha pouco conhecimento, já que pela sua ideia distorcida da realidade compreendia a lei como um instrumento de poder e não como regra de convivência entre as pessoas. Em outros momentos usava a defesa mais comum dos criminosos de guerra: “Eu estava apenas cumprindo ordens”.
Apesar de demonstrar extensas habilidades servis, que certamente o qualificaram para o cargo, o mesmo tinha pouca ou nenhuma habilidade para conduzir a escola, a não ser a de criar uma massa de descontentes. O descontentamento era tão grande que a tarefa de receber o governador para a inauguração do ginásio superfaturado vendida como a última maravilha do mundo aos desavisados de plantão ficou complexa.
Os professores, claramente hostis a ideia, não só não foram convidados como foram proibidos de assistir a solenidade. Isto é a exceção daqueles professores filiados de carteirinha ou puxa sacos de plantão ávidos por migalhas e favores.
Chegado o grande dia, estava lá a banda de música, o governador, seus correligionários, o diretor e os poucos alunos catados aqui e ali para salvar a fotografia daquelas tristes figuras. Retrato infeliz da política e da educação brasileira.
José Francisco Sodré
Professor
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