Ana tinha muita vontade de conhecer vários lugares pelo mundo, mas seus pais protetores lhe queriam por perto. Ela nunca teve amigos e poderia estranhar ao ver certas coisas como beijos na boca ou qualquer outra demonstração de carinho. Era isso que seus pais diziam.
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Com o passar do tempo, Carlos e Andreia não conseguiram mais evitar que Ana viajasse e conhecesse novas pessoas. Ela já tinha 18 anos e esse era o seu maior sonho. Anos depois, ela percebeu que seus pais escondiam alguma coisa e foi em busca da verdade. Queria saber o porquê de sua família viver com ela a vida toda em sítio tão distante das pessoas. Ela vivia perguntando à sua mãe o que havia acontecido de tão importante ou grave para eles terem parado naquele sítio. Ana queria saber por que ninguém morava ali perto. Como sempre, sua mãe fugia da história. Mas Ana não desistiu de procurar a resposta.
Alguns dias depois, Carlos conversou com Andreia para eles contarem o que realmente aconteceu com sua velha casa. Eles não aguentavam mais essa farsa no coração. Andreia não concordou com a ideia no início, mas pensou melhor e resolveu acabar de uma vez com essa história falando tudo para Ana. No outro dia, no café da manhã, teve um silêncio absoluto na mesa e Ana desconfiou de algo. Ela, então, perguntou aos seus pais o que estava acontecendo, mas eles não lhe responderam. Ana ficou irritada e levantou-se da mesa. Quando ia saindo, seu pai pegou em seu braço e pediu para que ela ficasse. Foi aí que ele começou a falar:
- Ana, meu amor, eu e sua mãe temos uma confissão a fazer. Quando nos casamos queríamos muito um bebê. Tentamos muito, de todos os tipos e recursos que a medicina fornecia, mas nada funcionou. Fizemos um exame e constatou-se que a sua mãe não poderia ter filhos. Foi assim que sua mãe ficou com depressão e não queria mais viver. Ela tentou se matar duas vezes, mas, com a graça de Deus, ela sobreviveu. Levei-a a uma psicóloga, o que nos ajudou muito.
Ana levanta-se e diz:
- Por que ninguém nunca me disse isso? Eu tinha o direito de saber. Eu tinha o direito de conviver com as pessoas e vocês me tiraram isso. Carlos continua:
- Foi ela que nos deu a ideia de adotarmos uma criança, pois assim essa história terminaria. Sua mãe concordou e fomos a uma casa de adoção e colocamos nossos nomes lá. Meses depois, uma irmã de sua mãe, Olívia, ligou desesperada pedindo que fôssemos à sua casa rápido. Chegando lá, ela estava aos prantos com um bebê no colo. Perguntamos o que tinha acontecido de tão grave. Ela responde que tem três meses de vida e que tinha uma criança para criar sozinha, pois o pai havia desaparecido. Ficamos chocados com a notícia. Andreia sabia que Olívia tinha câncer na cabeça, mas não sabia que era tão grave. Olívia pediu para que criássemos você porque ela sabia que se seu pai verdadeiro lhe visse ou soubesse de sua existência iria querer você, Ana. Ele era do tráfico de drogas e ela tinha medo do que aconteceria se você ficasse com ele.
Ana começa a chorar. Carlos continua:
- Concordamos em ficar com você, mas Olívia pediu que criássemos você num lugar distante para que o seu pai jamais visse ou tocasse em você. Por isso, vendemos a nossa casa em Madrid e nos mudamos para o interior. Exatamente três meses após termos pego você, sua mãe faleceu, e com um sapatinho seu nos braços. Depois desses depoimentos, Ana abraça os seus pais chorando e agradece lhes por tudo. Por eles terem lhe criado com muito amor e carinho, sem nunca ter reclamado do seu passado.
Dois anos após a verdade, Ana vai a Madrid visitar o túmulo de sua mãe Olívia. Ela reza agradecendo por tudo de bom que aconteceu em sua vida, especialmente, por sua mãe biológica por ter escolhido uma família maravilhosa para lhe cuidar. “Mãe, mesmo não conhecendo você, sei que estás aí no céu orando por mim e meus pais. E nós oramos aqui na terra para que você descanse em paz”, finaliza Ana, agora aliviada por conhecer a sua verdadeira história.
Suéllen Gonçalves
Maikon Odilon Francisco
Turma 2ª 07
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